quarta-feira, 13 de maio de 2009

Papel e Arte


















Não sei de onde vem o meu amor pelo papel. Talvez do mistério que acreditava sair dos desenhos das letras, que dançavam, sob meus olhos, ou do cheiro algo adocicado dos livros antigos. Na minha cabecinha de criança o papel podia tudo e tudo significava bailar pelo céu obedecendo apenas ao vento e a agilidade das mãos de um menino. A transformar-se em barquinho nos dias de chuva, que velozmente naufragava pela rua. O papel também dava direito a andar de trem com o meu avô que entregava em minhas mãos pequenas, o bilhete que deveria dar ao cobrador. Ou até assistir a matine nas manhãs de domingo. No papel também fiz meus primeiros desenhos e escrevi minhas primeiras estórias e num pequeno pedaço de papel recebi minha primeira declaração de amor. E ainda num papel, agora um pouco maior, a carta que terminava o amor, que julgara eterno...
E hoje adulta, é o papel que ainda me encanta, quando o transformo em flores, em caixas, (...) mas o que me faz mais feliz é ver nos olhos das crianças o mesmo olhar de sonho que um dia exibi, nos meus.